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IMPLANTAÇÃO E MANUTENÇÃO DE GRAMADOS PARA JARDINS

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gabrielkehdi

DIFERENÇA ENTRE SUBSTRATOS E CONDICIONADORES DE SOLO

Recentemente um aluno do curso de gramados trouxe uma situação muito interessante na seção de comentários: comprou condicionador de solo mas as recomendações da embalagem estavam mais para composto orgânico, o que levantou uma discussão. Vamos debater um pouco mais sobre isso nesse post.




Antes de tudo precisamos entender o que é um condicionador de solo e o que é um substrato, de acordo com a legislação brasileira. Isso porque os produtos serão comercializados de acordo com a descrição que é exigida pela lei. De acordo com o DECRETO Nº 8.384, DE 29 DE DEZEMBRO DE 2014, substrato é o “produto usado como meio de crescimento de plantas”. Já no DECRETO Nº 4.954, DE 14 DE JANEIRO DE 2004 temos a descrição de condicionador de solo, que é o “produto que promove a melhoria das propriedades físicas, físico-químicas ou atividade biológica do solo”.


Usamos substrato então como meio de cultivo de plantas, geralmente substituindo a solo. Um substrato precisa atender as características de aeração, drenagem, retenção de água, retenção de nutrientes, densidade, composição química. Um substrato pode ser extremamente variável. Podemos considerar substrato o musgo esfagno usado no cultivo de orquídeas, podemos ter cerca de Pinus, podemos ter areia pura, vermiculita pura, pedra brita, fibra de coco (em diferentes formas), mistura de resíduos compostados, uma infinidade.


Ao usar um substrato para o cultivo de plantas temos que equilibrar suas características para atender as necessidades de cultivo das espécies. Plantas epífitas gostam de um substrato bem leve, drenável e geralmente com alto teor de matéria orgânica. Espécies rupícolas gostam de um substrato mais seco, geralmente uma mistura de pedras ou pedriscos. Espécies terrícolas gostam de substratos que se assemelham ao solo de onde são nativas.


Condicionadores de solo também podem ser extremamente variáveis em relação à composição e forma. Temos condicionadores de solo como o calcário e como o gesso. Temos condicionadores de solo como cinzas ou hidrogel. Temos condicionadores que são de orgânica, ou mistura de produtos orgânicos e inorgânicos. Temos inclusive condicionadores microbiológicos, como o Bokashi. O uso vai depender do que se pretende corrigir no solo.


Como a questão se iniciou na discussão sobre gramados, vamos prosseguir por essa linha. Para ter um bom preparo do solo para a implantação de gramados uma estratégia que faz muita diferença é o uso de TOPSOIL, que consiste em uma camada de areia pura ou areia+material orgânico sobre o solo local. Essa mistura deve ter pelo menos 5cm de espessura, para ter o efeito desejado, favorecendo a aeração para as raizes, contribuindo com a drenagem e aumentando o vigor de crescimento do gramado. O topsoil não é obrigatório, mas proporciona uma maior resposta de vigor para o gramado. A receita básica do topsoil é usar de 30 a 60kg de areia média + 10 a 20kg de substrato comercial ou condicionador orgânico de solo para cada metro quadrado.


Há uma grande variedade de produtos comerciais na forma de condicionadores orgânicos de solo. De acordo com a INSTRUÇÃO NORMATIVA SDA No 35, DE 4 DE JULHO DE 2006, condicionadores de solo são produtos que podem ter diversas origens, desde materiais orgânicos comportados até resíduos minerais da indústria. Isso faz com que a composição dos condicionadores de solo seja muito variável. Mesmo assim, ainda conforme a legislação, a rotulagem do produto só exige algumas poucas descrições, sendo elas:

“I - Capacidade de Retenção de Água (CRA) - mínima de 60% (sessenta por cento); e

II - Capacidade de Troca Catiônica (CTC) - mínimo de 200 mmol c/kg.”

INSTRUÇÃO NORMATIVA SDA No 35, DE 4 DE JULHO DE 2006


No meu entendimento da INSTRUÇÃO NORMATIVA SDA No 35, DE 4 DE JULHO DE 2006, artigo sétimo, parágrafo terceiro, deveria ser obrigatória a apresentação de teores de nutrientes, carbono total e relação C/N nas embalagens dos produtos condicionadores de solo quando compostos por material orgânico. Mas na prática não vemos encontramos essas informações nos rótulos dos produtos. Realmente o texto da referida instrução normativa é nebuloso nesse sentido. Como este meu texto não é uma revisão da legislação e nem um parecer/aconselhamento jurídico, não vou entrar nesses detalhes. De todo modo sabemos agora que existem normas a respeito desses produtos e a indústria fica subjugada a elas.


Agora vamos ao problema prático da questão: O que mais pega nisso tudo é a composição do produto, principalmente na relação Carbono/Nitrogênio (C/N). Um substrato de qualidade, de origem orgânica, tem relação C/N entre 25 e 50, sendo ideal acima de 30. Quando um produto orgânico possui relação C/N abaixo de 20 significa que há uma quantidade considerável de nitrogênio na forma orgânica passível de reação microbiológica, por fungos, leveduras e bactérias. Para vocês terem uma ideia, o húmus de minhoca, o composto orgânico e o esterco curtido de gado possuem uma relação C/N que varia de 10 a 15. E nós sabemos que não é bom plantar diretamente sobre esses produtos. São ótimos fertilizantes, mas não servem como meio de cultivo.


Como não há a indicação da composição nem da relação C/N nos rótulos de condicionadores de solo, não sabemos se eles apresentam características mais próximas de composto orgânico ou de substrato.


Por isso usar condicionador de solo para a composição do topsoil pode sair uma bela dor de cabeça se não conhecemos o produto. Vejam bem, isso não significa que sejam produtos ruins, só não há informações suficientes no rótulo.


Um produto de origem orgânica de qualidade deveria ter todos os parâmetros indicados no rótulo:

pH

CTC

CRA

Umidade

Densidade

Garantias (teor de nutrientes e carbono total)

Relação C/N

Condutividade elétrica


Com isso seríamos capazes de entender de fato sobre do que se trata o produto que estamos comprando.

Por conta disso tudo recomendo que usem apenas um condicionador de solo que vocês já conheçam bem ou então usem substrato comercial mesmo.

As características desejadas de um substrato comercial são:

pH: 5,5 a 6,5

CTC: 180mmolc/dm3 ou acima

CRA: 50% ou acima

Densidade: 500 a 700g/dm3 ou acima

Relação C/N: 30 a 100


E claro, um substrato que tenha passado pelo devido processo de compostagem, passando pelo tempo adequado de cura. Já trabalhei e ouvi casos em que o substrato foi ensacado sem passar por cura e finalizou a compostagem no jardim do cliente, causando amarelanto generalizado na maioria das plantas.


Há condicionadores de solo que são excelentes, inclusive ótimos aditivos para compor topsoil de gramados. Infelizmente essa não é uma realidade de todos os produtos, por isso precisamos ter muita atenção sobre esse assunto.

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